domingo, 11 de outubro de 2009

Adolescentes usam o celular para estudar, conversar e até colar.




Lei sobre proibição de uso do aparelho em escolas acende polêmica entre pais, alunos e professores.

Está ficando cada vez mais difícil viver nas grandes cidades sem o progresso da tecnologia. Mas será que sala de aula é lugar de celular? Uma nova lei que entrou em vigor esta semana na cidade de São Paulo esquentou a polêmica entre alunos, pais e professores.

Adolescentes e celulares são praticamente inseparáveis. A garotada carrega os aparelhos pra cima e pra baixo. Inclusive na escola. No recreio e nos intervalos, o uso está liberado, mas nas salas de aula eles têm que ficar desligados. É o que diz a nova lei municipal de São Paulo. Os alunos concordam que celular na classe atrapalha.

“Desconcentra todo mundo”, conclui Mariana Mateus, de 16 anos.
“A atenção que tava no professor vai para pessoa que o celular está tocando”, explica Gabriela Cabral, de 14 anos.

Mas não faltam argumentos pra defender os aparelhos. “Você pode filmar a lousa pra não ter que copiar toda a matéria”, conta Andreza Coelho, de 16 anos.

“Se eu tenho uma prova depois da aula, no recreio, eu uso pra pesquisar sobre a matéria”, disse Theodoro de Paula, de 14 anos.

“Se você dá uma boa educação para o seu filho, ele vai saber usar o celular adequadamente em qualquer lugar”, defende Oscar Pereira, pai de aluno.

O problema é que a tentação é grande. “Escuto música”, confessa Jefferson Marques, de 14 anos.

E tem os que vão mais longe. Olha a explicação de como fazer cola com o celular: “Você tira uma fotografia da resposta e manda para o aluno que está do lado”, explica Jeferson Quirino, de 15 anos.


No Rio de Janeiro, onde há lei semelhante a São Paulo, a garotada também abusa. “De vez em quando, eu fico jogando joguinho. Quando a aula não está muito agradável”, conta Ricardo Magalhães, de 17 anos. “Não tem como ter uma aula sem uma mensagenzinha de texto”, confessa Luiza Moreira, de 18 anos.

A orientadora educacional Cristina Catão lembra: “passei por situações complicadas de ter que tirar o aparelho celular do aluno”.

A coordenadora Teresa Galhardo explica: “um dia eu devolvo no final do dia; se é reincidente, eu devolvo no dia seguinte; e se é re-reincidente a gente combina da família vir apanhar”.

Os pais também vivem na maior ansiedade. “Às vezes, eu quero ligar, mas lembro que ela está no período de aula. Aí procuro ligar no horário do recreio”, confessa a dona de casa Valderez Teixeira.

“Eu desligo o celular e ela fica: por que você não me ligou? Por que você não me atendeu? Eu falo: mãe, mas eu estava na aula, não podia atender!”, reclama Ana Carolina Teixeira, de 15 anos.

Nas escolas do Ceará, o aviso é claro, mas a maioria dos alunos ignora. “Eu sempre abaixo a cabeça e atendo o celular”, diz Laila Oriá, de 16 anos.

Natália Porto, de 16 anos, confessa: “Eu deixo no silencioso, no meu bolso. Só que, às vezes, eu atendo”.

“O silencioso deixa a tensão de que você vai receber uma ligação, de que você vai receber uma mensagem. Então, você vai ficar curioso de olhar. E você sacando o celular do bolso, chama a atenção de um grupo que começa a chamar a atenção da turma toda”, explicao professor Davis Posso.

Estudantes do Rio Grande do Sul, onde também há uma lei que proíbe o celular em sala, não concordam com a necessidade de desligar o aparelho. “”Tem que deixar no bolso e se vibrar, pede pra sair. Mas desligar geral ,eu acho que não é legal”, defenda a estudante Gabriela Kras.

“Ficar sem atender realmente não dá. Eu preciso me comunicar com o mundo, eu não posso me isolar dele”, reclama Thuila Ferreira.

“O desafio maior do professor é como fazer o aluno prestar atenção em um mundo em que os dispositivos tecnológicos, por um lado, facilitam o aprendizado, mas por outro lado têm um potencial dispersivo muito grande. Então, é genial casar as duas pontas do sistema: o que eles mais gostam com o que eu preciso transmitir”, explica Giselle Beiguelman, professora de pós-graduação em Comunicação e Semiótica PUC-SP.



No Rio, o artista plástico Luiz Alphonsus orientou 70 alunos de doze escolas públicas do país a usarem o celular como instrumento nas aulas de artes. Os estudantes faziam vídeos, registrando curiosidades do cotidiano deles.



“E depois a gente botava isso num blog e compartilhava com o Brasil todo”, conta Arthur Rodrigues, de 16 anos.



O resultado é uma exposição em cartaz no Parque Lage. “É impossível você vencer a tecnologia com leis. O que você tem que fazer é adaptar essa tecnologia pra ser usada de forma correta”, comenta o artista. “Hoje, a gente tem celular para reproduzir música, para tirar foto, para tudo. E poder usar isso pra aprender, é melhor ainda”, finaliza Arthur.

Reportagem exibida no Fantástico no dia 20-08-09.
Fonte: http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL1311421-15605,00.html


Um comentário:

  1. aff, que coisa antiga; mensagem multimídia pra colar, os kras num sabem o q eh bluetooth não, putz!kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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